Pouco antes de seguir viagem, quando sua cabeça branquinha ainda permitia as histórias do passado de maneira muito bem organizadas, mamãe me contava um momento que contracenei com o Seu Toninho.
O caminho que nos levava da saída do Educandário até a linha do trem tinha uns trezentos metros. Naquela primeira parte do trajeto ficavam os marcos de nossa principal rua daqueles tempos..
Após vencer algumas casas, a primeira referência era a farmácia. O cheiro que se sentia ao passar por alí ainda persiste: alguma coisa entre água oxigenada e mercúrio.
E alí, eternamente atrás do balcão, o Seu Toninho… opa… é injustiça, dizer que Seu Toninho jamais saira dalí.
De vez em quando ele saia sim !
Contava minha mãe que, em uma ocasião, lá pelos meus três anos de idade, Seu Toninho estranhamente apareceu no portão de minha casa. Estava com aquele seu uniforme branco e uma caixinha metálica nas mãos.
Saí correndo para o lugar mais seguro da casa: embaixo da cama de meus país.
Mamãe contava esta história com aquele jeito que só mãe orgulhosa, para depois concluir com sua risada brejeira:
– Tivemos que puxar você de baixo da cama pra tomar a injeção, mas não sem antes você ter “enaltecido” a Sra. mãe do farmacêutico em alto e bom som.
* evidentemente a frase “enaltecido a Sra. mãe do farmacêutico” foi contada por minha mãe do jeito que aconteceu….
aldo della monica
Que rico!