Brisa da tarde toca-lhe os seios
para o desejo maiúsculo de simples desejar
doce manjar terreno inesgotável de pleno
a cada encontro
Poupa-lhe o medo ancestral, as paixões…
os romances e seus romancistas;
os analistas e suas análises
Rasga-lhe as vestes.
Vista-a com sua nudez mais contundente
Sopra o silêncio das palavras em seus lábios de sussurros
Brisa que vem quando o sol se vai
Atormenta-lhe as fantasias,
aquelas mais proibidas.
Molda-lhe a feição com tesão e capricho
Aguça-lhe as gueixas vividas e aquelas desejadas
Sopra brisa, sopra
Faça dessa pele um mero objeto
de incrível extensão…
só sensação
como se o frio fosse muito frio pra tal nudez
Torna-lhe fluidos os segredos.
Sem meias medidas,sem credos sem medos…
segredos que são
Sopra brisa, deixa a música aflorar das folhas
que deitam no outono das calçadas
Sopra brisa,sopra.
Que é pra ela ser feliz
Lentamente feliz
Aldo Della Monica
(Outono de 1989)