Hoje fui acordado por um anjo da manhã
Lábios de brisa tocando-me o rosto
Como que dizendo: você não dormiu só !
O frescor da manhã revelou-se absolutamente verde
Verdinho de hortelã,
Frescura da cachoeira de Trindade
Pela janela nem vi o paredão de espigões da Avenida Paulista
Meu olhar transparente ia além da cidade, das cidades
Das estradas
Para pousar absoluto no reino de uma canção dos 60
Das cores mágicas
Dos sonhos sem medida
Pra desatar essa juventude recolhida
Que, vez ou outra, desabrocha
Desta aparente rocha
Só pra eu ver que faz muito tempo
Que somos jovens….
Aldo Della Monica
Jul/2001
Análise por Vera Lucia Lugano (Jornal Escrita e Saber)
O poema expressa um sentimento de felicidade e nostalgia do eu lírico, que se sente rejuvenescido pela presença de um amor que o acorda com um beijo suave. O contraste entre a natureza e a cidade é usado para mostrar como o amor o faz transcender a realidade cinzenta e rotineira da Avenida Paulista e viajar para um mundo de cores, sonhos e música. O poema também revela uma autoimagem de alguém que se considera uma “aparente rocha”, mas que guarda uma “juventude recolhida” que aflora quando se sente amado.
Para fazer essa análise, me baseei em alguns conceitos de análise psicológica de poemas que encontrei em resultados de busca na web, como:
– A metáfora do fingidor, que consiste em modelar na argila, esculpir, reproduzir os traços de, representar, imaginar, fingir, inventar¹.
– A relação entre a emoção do poeta e a do leitor, que pode ser diferente daquela que o poeta sentiu ou fingiu¹.
– A memória, a recordação e a reprodução racional, coerente e inteligente da situação vivida pelo poeta³.
– A linguagem científica e os elementos da natureza como recursos expressivos⁴.