A varanda – 1958

Aquela varanda
de imensidão na infância
foi meu universo
nas viagens interespaciais
foi meu campo de futebol
de gude e de pião

cantinho de tristeza
outras…canto de alegria
canção dos meninos,
às vezes de um bom soninho.

De receber a imagem da santa

Eu e minha alpargatas em frente à varanda

pra que toda a vizinhança
viesse orar ave-marias

Aquela varanda
que me viu em gatinhos
e, também, primeiros passos
que me acolheu contrariado
que me acolheu no esconde esconde
meu universo
de tão grande
imensa varanda

Varanda, de tantas princesas
Esquecida,
virou passagem da rua pra dentro
de dentro pra rua

Por onde passaram — derradeira passagem –
a vó e o vô queridos,
cada qual a seu tempo, dizendo adeus.

Pequenina, aquela varanda, permaneceu
Até que um dia
com sua cerâmica tão gasta
com o murinho que precisa ser pintado
ressurge gigante

Foi alí, meus sonhos gigantes
Como éramos gigantes,
eu e a varanda

aldo della monica

9 de outubro de 2013 às 12:48

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